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EFEITO DE UM TRATAMENTO COM AURICULOTERAPIA NA ...

Date post: 26-Dec-2022
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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS RIO CLARO unesp PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO HUMANO E TECNOLOGIAS EFEITO DE UM TRATAMENTO COM AURICULOTERAPIA NA DOR, FUNCIONALIDADE E MOBILIDADE DE ADULTOS COM DOR LOMBAR CRÔNICA FLORA TOLENTINO Dissertação apresentada ao Instituto de Biociências do Campus de Rio Claro, Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento Humano e Tecnologias. Fevereiro - 2016
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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”

INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS – RIO CLARO unesp

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO HUMANO E TECNOLOGIAS

EFEITO DE UM TRATAMENTO COM AURICULOTERAPIA NA DOR, FUNCIONALIDADE E MOBILIDADE DE ADULTOS COM

DOR LOMBAR CRÔNICA

FLORA TOLENTINO

Dissertação apresentada ao Instituto de Biociências do Campus de Rio Claro, Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento

Humano e Tecnologias.

Fevereiro - 2016

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO HUMANO E TECNOLOGIAS

EFEITO DE UM TRATAMENTO COM AURICULOTERAPIA NA DOR, FUNCIONALIDADE E MOBILIDADE DE ADULTOS COM DOR

LOMBAR CRÔNICA

Flora Tolentino

Dissertação apresentada ao Instituto de Biociências do Campus de Rio Claro, Universidade Estadual Paulista, para a obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento Humano e Tecnologias

Orientador: Prof. Dr. Marcelo Tavella Navega

Rio Claro 2016

Tolentino, Flora Efeito de um tratamento com auriculoterapia na dor,funcionalidade e mobilidade de adultos com dor lombarcrônica / Flora Tolentino. - Rio Claro, 2016 51 f. : il., figs., tabs., fots.

Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista,Instituto de Biociências de Rio Claro Orientador: Marcelo Tavella Navega

1. Medicina alternativa. 2. Acupuntura. 3. Lombalgia. 4.Acupuntura auricular. 5. Funcionalidade. 6. Movimento. I.Título.

615.53T649e

Ficha Catalográfica elaborada pela STATI - Biblioteca da UNESPCampus de Rio Claro/SP

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, por permitir que eu finalizasse este trabalho, me dando

força de vontade, determinação e paciência para alcançar a meta, mesmo com

tantas transformações acontecendo ao longo deste curso.

Agradeço aos meus familiares, em especial à minha mãe Renata, pai Carlos

Eduardo, tia-avó Lucila e meu marido Eduardo, por estarem sempre presentes, com

atitudes positivas e espírito animador.

Agradeço ao meu orientador Marcelo Tavella Navega, por toda ajuda,

compreensão e confiança, e aos professores Afonso Antônio Machado e Mary

Hellen Morcelli Gotardo, que aceitaram participar da banca, contribuindo muito para

que este trabalho fosse digno de ser apresentado.

Agradeço ao fisioterapeuta do Departamento de Educação Física da UNESP

de Rio Claro, João Brasil, que gentilmente cedeu sua sala de fisioterapia para que

eu pudesse realizar os atendimentos de maneira confortável e segura.

Agradeço aos amigos do mestrado e da vida, professores, participantes da

pesquisa e todos que de alguma forma contribuíram para este trabalho.

RESUMO

Introdução: A lombalgia acomete grande parte da população mundial, podendo

provocar, além da dor, diminuição da capacidade funcional e da mobilidade lombar.

Uma das formas de tratamento da dor lombar é a auriculoterapia, técnica de

acupuntura que utiliza o pavilhão auricular para tratar diversas enfermidades.

Objetivos: Verificar se houve diminuição do quadro álgico e aumento da

funcionalidade e mobilidade lombar em indivíduos com lombalgia crônica

inespecífica após terem sido submetidos a um tratamento com auriculoterapia, além

de verificar se houve diferença entre a intervenção realizada com agulhas e

sementes. Métodos: Estudo clínico randomizado, com participantes de 18 a 60 anos

portadores de dor lombar crônica inespecífica há pelo menos três meses, de ambos

os sexos, divididos em três grupos, agulha (n=8), semente (n=8) e controle (n=6). Os

grupos agulha e semente receberam quatro sessões com auriculoterapia, uma por

semana, todos nos mesmos pontos auriculares, e o grupo controle não recebeu

intervenção até o término do tratamento com os grupos experimentais. Para a

avaliação das variáveis dor, funcionalidade e mobilidade lombar, foram utilizados em

todos os grupos os instrumentos Escala Visual Analógica (EVA), Questionário de

incapacidade lombar de Quebec (QILQ), Teste de Sentado para de Pé (TSP) e

Teste de Schober, na primeira semana e após quatro semanas. Os testes usados

para análise dos dados foram ANOVA Two Way medidas repetidas, Teste t pareado

e ANOVA com post hoc de Bonferroni, com nível de significância de 5% (p0,05).

Resultados e discussão: Foi verificado que houve uma diferença significativa para as

variáveis EVA (p=0,001), QILQ (p=0,003) e TSP (p=0,033), indicando assim que

houve uma diminuição na dor e um aumento da funcionalidade após o tratamento

nos grupos experimentais, e não foi encontrada diferença na mobilidade lombar

após a terapêutica. Não houve diferença entre o tratamento realizado com agulhas e

com sementes (p=0,641), o que demonstra que ambos os tratamentos foram

favoráveis para a redução da dor, sem superioridade de um dos dois. Conclusão: A

auriculoterapia, tanto com agulhas quanto com sementes, é uma intervenção que

demonstrou ser benéfica para diminuição da dor lombar crônica e para o aumento

da funcionalidade em indivíduos com dor lombar crônica inespecífica.

Palavras-chave: Lombalgia. Acupuntura auricular. Funcionalidade. Movimento.

ABSTRACT

Introduction: Low back pain affects much of the world population and may cause, in

addition to pain, decrease of functional capacity and lumbar mobility. One way to

treat low back pain is the auricular acupuncture technique that uses the ear to treat

various diseases. Objectives: To verify if there was a reduction of pain symptoms and

increase of the functionality and lumbar mobility in individuals with chronic non-

specific low back pain after having undergone a treatment with auriculartherapy, and

see if there was a difference between the intervention performed with needles and

seeds. Methods: Randomized clinical trial with participants from 18 to 60 years with

chronic nonspecific low back pain for at least three months, of both sexes, divided

into three groups, needle (n = 8), seed (n = 8) and control (n = 6). The needle and

seed groups received four sessions with auriculartherapy, one per week, all in the

same auricular points, and the control group received no intervention until the end of

treatment with the experimental groups. For the evaluation of pain variables,

functionality and lumbar mobility, it was used in all groups the instruments Visual

Analogue Scale, Quebec Back Pain Disability Scale Questionnaire, Sit-to-Stand-Test

and Schober Test in the first week and after four weeks. The tests used for data

analysis were Two Way ANOVA repeated measures, paired t-test and ANOVA with

Bonferroni’s post hoc, with significance level of 5% (p0.05). Results and discussion:

It was found that there was a significant difference for the EVA variables (p=0.001),

QILQ (p=0.003) and TSP (p=0.033), indicating that there was a decrease in pain and

an increase in functionality after treatment in the experimental groups, and no

difference was found in the lumbar mobility after treatment. No difference between

the treatment carried out with needles and seeds (p=0.641), demonstrating that both

treatments were favorable for the reduction of pain without superiority of the two.

Conclusion: Auriculotherapy, both with needles and with seeds, is an intervention

that has proved beneficial for reduction of chronic low back pain and increasing

function in patients with chronic nonspecific low back pain.

Keywords: Low back pain. Auricular acupuncture. Functionality. Movement.

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO .........................................................................................................

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 9

1.1 LOMBALGIA, FUNCIONALIDADE E MOBILIDADE ............................................ 11

1.2 TRATAMENTOS ................................................................................................. 12

1.3 PRINCÍPIOS BÁSICOS DA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA..................... 13

1.4 O TAO ................................................................................................................. 14

1.5 YIN E YANG ........................................................................................................ 15

1.6 CHI ...................................................................................................................... 16

1.7 MERIDIANOS ...................................................................................................... 16

1.8 ÓRGÃOS ZANG FU ............................................................................................ 17

1.9 OS CINCO ELEMENTOS .................................................................................... 18

1.10 FATORES CAUSADORES DAS DOENÇAS .................................................... 19

1.11 DIAGNÓSTICO ................................................................................................. 20

1.12 ACUPUNTURA.................................................................................................. 21

1.13 ACUPUNTURA COMO FORMA DE TRATAMENTO DA LOMBALGIA ............ 22

1.14 AURICULOTERAPIA ......................................................................................... 24

1.15 ESCOLA CHINESA ........................................................................................... 25

1.16 ESCOLA FRANCESA ....................................................................................... 26

1.17 MATERIAIS UTILIZADOS NA AURICULOTERAPIA ........................................ 27

1.18 JUSTIFICATIVA ................................................................................................ 28

2. OBJETIVOS .......................................................................................................... 29

3. MÉTODOS ............................................................................................................ 29

3.1 SUJEITOS ........................................................................................................... 29

3.2 INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO..................................................................... 30

3.3 INTERVENÇÕES ................................................................................................ 33

3.4 ANÁLISE DOS DADOS ....................................................................................... 36

4. RESULTADOS ...................................................................................................... 36

5. DISCUSSÃO ......................................................................................................... 39

6. CONCLUSÃO ....................................................................................................... 42

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 43

APÊNDICE ................................................................................................................ 50

ANEXO...................................................................................................................... 51

APRESENTAÇÃO

A presente dissertação é parte dos requisitos para o recebimento do título de

Mestre em Desenvolvimento Humano e Tecnologias, portanto, vale ressaltar aqui

como este trabalho se enquadra dentro dessa proposta.

Quando pensamos em tecnologia, naturalmente nos vêm à cabeça as novas

tecnologias, altamente sofisticadas e modernas, no entanto, tecnologia se refere a

tudo que tem a ver com uma técnica, arte ou ofício, que tem como objetivo permitir

com que se alcance um determinado resultado de forma mais eficaz.

A acupuntura e suas vertentes (como a auriculoterapia, terapêutica utilizada

neste trabalho) são técnicas orientais milenares, que utilizam a agulha e outros

materiais como ferramenta de cura, objetivando a restauração e manutenção da

saúde. Neste sentido, são tecnologias da saúde.

Cabe notar que o próprio Ministério da Saúde afirma ser a acupuntura uma

tecnologia de intervenção em saúde (ver pg 21). Aos que conhecem um pouco mais

profundamente a acupuntura, também não haverá dúvidas que se trata de uma arte

minuciosa e precisa.

Sendo assim, se a auriculoterapia for capaz de reduzir dores e aumentar a

funcionalidade e os movimentos dos indivíduos, questões que este trabalho almeja

responder, ela estará contribuindo para o desenvolvimento e desempenho humano,

em diversas esferas da natureza humana.

Deste modo, esta dissertação inicialmente apresentará uma contextualização

sobre o tema da dor lombar, funcionalidade e mobilidade lombar (variáveis

estudadas) e sobre os princípios da Medicina Tradicional Chinesa, na qual se

enquadra a auriculoterapia, técnica terapêutica utilizada neste estudo. Os métodos

de avaliação e intervenção são apresentados posteriormente, seguidos dos

resultados obtidos, discussão e conclusão sobre o assunto.

9

1 INTRODUÇÃO

A dor lombar é uma das queixas mais comuns encontradas na prática clínica,

uma vez que 80% da população mundial apresentará pelo menos um episódio de

dor lombar ao longo de sua vida. (CARAVIELLO et al., 2005; NACHEMSON,

JONSSON, 2000).

A lombalgia localiza-se na região póstero-inferior do tronco, entre o último

arco costal e a prega glútea (SATO, 2010), e quando irradiada para a parte posterior

dos membros inferiores é denominada lombociatalgia (BRAZIL et al., 2004).

A classificação da dor lombar é definida de acordo com a duração e a origem

da dor, e baseia-se nos sintomas do paciente e em exames complementares quando

necessário (RACHED et al., 2013).

No que tange à duração da dor, aquela de início súbito com até quatro

semanas de duração é definida como lombalgia aguda; de quatro a 12 semanas,

como subaguda e, com 12 semanas ou mais de duração, como lombalgia crônica

(NORDIN, BALAGUE, CEDRASCHI, 2006; RACHED et al., 2013).

Já a origem da dor pode ser dividida em específica e inespecífica. A dor

lombar específica se dá quando existe uma causa bem definida para tal, e estas

causas podem ser classificadas em “bandeiras vermelhas”, que envolvem patologias

mais graves, e “bandeiras amarelas”, associadas a problemas emocionais

(CHAITOW, 2008; LADEIRA, 2011).

Bandeiras vermelhas são utilizadas para identificar pacientes com dor lombar

associada a patologias específicas da coluna, como doenças infecciosas ou

inflamatórias (osteomielite, por exemplo), síndrome da cauda eqüina,

espondiloartrite, espondilolistese, espondilite anquilosante, fratura da coluna

vertebral, suspeita de câncer na coluna, dor visceral referida (gastrointestinal e

geniturinário), e aneurisma aórtico abdominal. Cerca de 85% dos pacientes não se

enquadram nas bandeiras vermelhas (CHAITOW, 2008; LADEIRA, 2011).

Bandeiras amarelas identificam pacientes com sinais de desordens

psicossociais, como por exemplo, depressão, ansiedade e transtornos causados por

abuso de substâncias, determinados tipos de comportamentos e atitudes negativas

em relação à lombalgia ou problemas socioeconômicos que poderiam contribuir no

desenvolvimento da dor a longo prazo (CHAITOW, 2008; LADEIRA, 2011).

10

Já a dor lombar inespecífica é tida quando não há uma justificativa exata para

a causa da dor (NORDIN, BALAGUE, CEDRASCHI, 2006; RACHED et al., 2013).

Neste caso, inúmeras circunstâncias podem contribuir para seu surgimento, tais

como: obesidade, tabagismo, realização de trabalhos pesados, sedentarismo,

fatores genéticos, maus hábitos posturais, alterações climáticas e até mesmo

modificações de pressão atmosférica (BRAZIL et al., 2004; JONES et al., 2005).

Outras causas da apontadas em estudos são idade, condições de trabalho

repetitivo ou estático, desequilíbrio ou fadiga muscular do tronco, trauma do local,

uso excessivo da estrutura da coluna, além da interação desses com fatores

psicológicos e sociais, tornando a origem da lombalgia inespecífica complexa e

multifatorial (BRAZIL et al., 2004; COX, 2002; FERREIRA, PEREIRA, 2011;

KAWANO et al., 2008; MIRANDA, 2000; NIEMAN,1999).

Também foi encontrada associação entre dor lombar crônica em adultos

jovens e a ocorrência de outros tipos de dor crônica como a cefaleia, presença de

pontos sensíveis pelo corpo, uso constante de analgésicos e histórico familiar de dor

nas costas (FURTADO et al., 2014).

Embora considerado um problema de saúde benigno na maioria dos casos, a

recidiva do quadro doloroso da lombalgia é comum, uma vez que mais de 50% dos

indivíduos que já manifestaram algum evento de dor lombar aguda podem

apresentar um novo episódio dentro de um ano (IMAMURA, KAZIYAMA, IMAMURA,

2001).

Sabe-se também que até 30% dos casos de dor lombar aguda pode evoluir

para a sua forma crônica (LADEIRA, 2011), provocando, além da dor e das

dificuldades que a lombalgia acarreta, um impacto socioeconômico negativo, por

esta ser uma das maiores causas de faltas e afastamento do trabalho de adultos

ativos, gerando altos custos para a sociedade e para os sistemas de saúde

(FREITAS, 2006).

Dessa forma, é possível notar que as lombalgias crônicas inespecíficas são

de grande prevalência na população e podem trazer consideráveis prejuízos, o que

aponta uma necessidade de se oferecer diversos tipos de tratamentos para seus

portadores (AIRAKSINEN et al., 2006; BRAZIL et al., 2004).

11

1.1 LOMBALGIA, FUNCIONALIDADE E MOBILIDADE

Sabe-se que a lombalgia pode se tornar altamente incapacitante, gerando

diminuição da qualidade de vida e danos à funcionalidade normal do indivíduo

(OCARINO et al., 2009). A incapacidade funcional pode ser definida como a

dificuldade na realização de tarefas da vida diária e que normalmente são

necessárias para se levar uma vida com independência (TSUKIMOTO et al., 2006).

Sampaio e colaboradores (2005) encontraram, através da Classificação

Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF), várias dificuldades na

realização de tarefas simples em indivíduos com lombalgia crônica inespecífica,

como calçar os sapatos, levantar-se da cama, ficar em pé por muito tempo, entre

outras. Foi verificado que a vida social desses indivíduos também foi afetada,

decorrente da restrição de práticas de lazer e esportes.

Em estudo que verificou por meio de questionário a incapacidade funcional de

24 voluntários portadores de lombalgia crônica, 12 apresentaram incapacidade

grave, 10 incapacidade moderada e dois incapacidade mínima, demonstrando como

as atividades cotidianas podem ser amplamente afetadas pela dor lombar crônica

(MEHRET; COLOMBO; SILVÉRIO-LOPES, 2010).

A incapacidade funcional, mesmo que mínima, pode permanecer por muito

tempo ainda presente, como foi verificado em uma meta-análise com 33 estudos,

que envolveu um total de 11.166 participantes. Após um episódio de lombalgia

aguda, a maioria dos indivíduos apresentava alto índice de melhora nas primeiras

semanas, contudo, após esse período, esse índice se tornava cada vez menor, e

após passado o período de um ano, níveis baixos a moderados de dor e

incapacidade funcional ainda podiam ser encontrados nesses indivíduos. Para

classificar a dor e a incapacidade, este estudo combinou os dados dos artigos

analisados, expressando-os em uma escala de zero (nenhuma dor ou incapacidade)

a 100 (dor ou incapacidade máxima) (COSTA et al., 2012).

Além das dificuldades nas atividades de vida diária acarretadas pelo processo

doloroso e as alterações funcionais incapacitantes, sabe-se que existe uma relação

entre a dor lombar e a diminuição da mobilidade da coluna lombar, fato que pode

limitar ainda mais o desempenho do indivíduo ativo.

Alguns estudos indicam essa correlação, como o de Thomas et. al. (1998),

que pesquisaram a associação entre a restrição de movimentos da coluna e a

12

presença de dor lombar, e verificaram que em indivíduos que já apresentaram algum

episódio de lombalgia, havia uma diminuição significativa da amplitude de

movimento de flexão anterior do tronco comparada a indivíduos sem o quadro

álgico.

Senna-Fernandes et al. (2003) também afirmam que um episódio de dor

lombar aguda pode retornar e se tornar crônico, o que, além da dor, pode acarretar

em rigidez da área e na diminuição da mobilidade lombar.

Briganó e Macedo (2005) verificaram, através do Teste de Schober, que em

indivíduos que apresentavam a lombalgia em sua forma crônica, havia uma

mobilidade reduzida da coluna lombar em relação a indivíduos assintomáticos,

quando realizada a comparação entre esses dois grupos, cada um com 25

participantes.

1.2 TRATAMENTOS

Estão disponíveis diversas formas de tratamento para a lombalgia, a saber, o

ultrassom, ondas curtas, neuroestimulação elétrica transcutânea (TENS),

massagens, terapia manual, mobilização articular da coluna, exercícios físicos que

envolvam atividades aeróbicas, fortalecimento, alongamento e relaxamento, dentre

outros (RACHED et al., 2013).

Métodos como estabilização segmentar lombar (FRANÇA et al., 2008;

PEREIRA, FERREIRA, PEREIRA, 2010), programas de orientação – Escola de

Postura (NOGUEIRA, NAVEGA, 2011) – e exercícios específicos como os

fundamentados na série de Willians, Isostretching e Reeducação Postural Global

também podem ser utilizados no tratamento da dor lombar (KORELO et al., 2013),

bem como, em alguns casos, o tratamento medicamentoso com analgésicos, anti-

inflamatórios e relaxantes musculares, que devem ser prescritos por um médico

(RACHED et al., 2013).

Atualmente, a acupuntura também é uma opção de tratamento muito utilizada,

tanto em sua forma sistêmica, a qual utiliza todo o corpo para a abordagem

terapêutica, quanto auricular, que utiliza somente a orelha externa (SILVÉRIO-

LOPES, 2013).

13

1.3 PRINCÍPIOS BÁSICOS DA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA

A Medicina Tradicional Chinesa (MTC) é um sistema de saúde milenar que,

entre diversas práticas, emprega a acupuntura como técnica terapêutica1. Na

tentativa de compreender a acupuntura, ciência inteiramente diferente e

independente da ocidental convencional, é necessária uma breve reflexão sobre

alguns conceitos filosóficos de origem oriental, visto que o completo aprofundamento

neste tema não seria possível e nem é o objetivo deste trabalho, dada a

complexidade da visão chinesa sobre o homem e seus processos de saúde e

doença.

Primeiramente, é necessário nos desvencilharmos por um momento do

modelo técnico racionalista da ciência moderna que vigora atualmente, bem como

das ideias e opiniões pré-concebidas sobre a acupuntura, para tentarmos

compreender como as doenças são consideradas dentro do pensamento chinês.

A concepção chinesa de saúde/doença é holística e, portanto, aborda uma

visão do homem como entidade completa, cujas partes e funções estão integradas e

não são passíveis de divisão (KUREBAYASHI, 2007). Essa abordagem difere da

forma ocidental na qual se aplica a medicina atualmente, onde cada vez mais a

especificidade, a definição exata de partes e a minuciosidade de detalhes da doença

acabam muitas vezes por levar a um esquecimento do ser humano total

(LAPLANTINE, RABEYRON, 1989).

É a partir dessa concepção de um ser humano completo, que é possível

então compreender de onde vêm as patologias e considerar quais intervenções

serão adequadas para o reestabelecimento da saúde, trabalhando-se tanto no nível

da prevenção quanto da recuperação do indivíduo (BRELET-RUEFF, 1991).

Para adentrarmos um pouco mais no pensamento oriental da MTC, alguns

princípios básicos tais como o Tao, Yin e Yang, Chi, Meridianos, Teoria dos órgãos

Zang Fu e Teoria dos Cinco Elementos serão apresentados a seguir (MACIOCIA,

2007).

1Como exemplo, podemos citar a fitoterapia, que utiliza as propriedades de inúmeras ervas para a

cura das doenças; a moxabustão, técnica que consiste na queima da erva artemísia e sua subsequente aplicação em pontos de acupuntura, neles produzindo calor; tui-ná, massagem que utiliza as mãos como ferramenta de cura; a ventosaterapia, que atualmente utiliza campânulas de vidro aquecidas internamente, realizando uma sucção da pele, e que tem a capacidade de limpar o sangue das impurezas acumuladas no organismo (WEN, 1997).

14

1.4 O TAO

O conceito do Tao é extremamente profundo e complexo, e um dos mais

importantes da filosofia chinesa. A concepção do Tao dentro da medicina chinesa

tem como premissa básica a noção de que a relação de equilíbrio e harmonia entre

o homem e a natureza é a essência da manutenção da saúde (TESSER, 2010).

Lao-Tsé (551 a.C. - 479 a.C.), um grande sábio e filósofo da China Antiga e

autor do Tao Te Ching – primeira obra a apresentar o Tao de maneira mais profunda

e elaborada –, afirmou que o verdadeiro Tao não pode ser explicado e nem sequer

nomeado, pois está além de palavras e conceitos (MENDOZA, 2007).

No poema XXV, Lao-Tsé escreve:

Algo foi misteriosamente formado, Nascido antes do céu e da terra. No silêncio e no vazio, Permanecendo sozinho e imutável. Sempre presente e em movimento. Talvez ele seja a mãe das dez mil coisas. Não conheço seu nome. Chame-o Tao (FENG, 1972).

No entanto, pensadores chineses tentaram descrever o que seria esse “algo

inominável”; sendo assim, o Tao pode ser considerado a energia primária do

Universo, a qual é raiz e origem de tudo o que existe, é o princípio que a tudo rege e

está acima de todas as formas, é a consciência original (MENDOZA, 2007).

No Tao Te Ching, é dito que o Tao deu origem ao “Um Primordial” e esse Um

deu origem ao Dois – o Yin e o Yang –, os dois aspectos da dualidade existente em

todas as coisas. Assim, vemos que esses dois conceitos estão intimamente ligados,

começando pelo próprio símbolo que representa o Tao (figura 1) (FAUBERT,

CREPON, 1990).

Figura 1. Representação simbólica do Tao

15

1.5 YIN E YANG

O símbolo do Tao consiste de dois opostos complementares: Yin,

representado pela cor preta e Yang, pela cor branca. Dentro do elemento Yin há um

ponto do elemento Yang e vice-versa, demosntrando assim que nada é fixo ou

estatístico, mas que tudo está em constante interdependência, mudança e dualidade

na natureza, indicando a eterna transformação (ECKERT, 2002).

Yin e Yang são opostos complementares que, juntos, formam uma unidade.

Eles interagem entre si e são totalmente interdependentes, pois não há a existência

de um sem a presença do outro. Quando um deles chega ao seu ápice de atuação,

começa a transformar-se no outro, e assim acontece sucessiva e eternamente nos

processos da natureza (TESSER, 2010). Algumas características Yin na natureza

são: escuridão, noite, inverno, frio, lua, receptividade e o feminino, e as

manifestações Yang são: luz, dia, verão, calor, sol, atividade e o masculino

(ECKERT, 2002).

Yin e Yang não são conceitos absolutos; um elemento será considerado Yin

ou Yang sempre em relação a algo, podendo ser Yin em um dado momento e Yang

em outro, de acordo com a perspectiva empregada. Isso descreve a qualidade

relativa das manifestações que ocorrem na natureza (ECKERT, 2002).

Como exemplo podemos citar o sangue, que é mais denso que a energia vital

Chi – explicada a seguir – e, portanto, considerado Yin em relação a esta, mas é

mais sutil que a matéria em si, sendo considerado Yang relativamente a ela

(BRELET-RUEFF, 1991).

Em nosso corpo, certos locais acumulam mais energia Yang, como a cabeça,

costas e face externa dos membros, e outros locais são mais Yin, como os membros

inferiores, a região ventral e a face interna dos membros (TESSER, 2010).

Da mesma forma que esses dois fatores se inter-relacionam de maneira

harmônica na natureza, este processo também ocorre em nosso organismo;

portanto, no entendimento da MTC, a doença é o rompimento desse equilíbrio e

pode ser diagnosticada pelo excesso ou deficiência de Yin ou Yang. Quando há

desequilíbrio, o fluxo de energia vital existente em todos os indivíduos não circula de

forma contínua, impossibilitando assim as atividades normais (TESSER, 2010).

16

1.6 CHI

O Chi, chamado de energia ou sopro vital, é a força essencial existente no ser

humano, é o que lhe permite estar vivo e realizar suas tarefas. Na China, matéria e

energia são indissociáveis, pois a própria matéria é energia, que se manifesta de

forma mais “condensada” (FAUBERT, CREPON, 1990).

O Chi é proveniente de diversas fontes, como por exemplo da própria

natureza; da energia vinda dos pais no momento da concepção (energia hereditária),

representando a potencialidade do ser humano em seu nascimento; do ar, da água e

também dos alimentos. Esta energia vital se espalha por todo o corpo, não de forma

desordenada, mas seguindo vias próprias de distribuição, chamadas de meridianos

(TESSER, 2010).

Esta energia, que é nutridora de todos os tecidos, órgãos e sistemas do

corpo, também exerce influência sobre as funções psíquicas e emocionais do

indivíduo (BRELET-RUEFF, 1991; TESSER, 2010).

De acordo com a MTC, o homem não vive separado do restante do Universo;

as mesmas leis que regem o macrocosmo também influenciam o microcosmo, desde

os astros até as células; por isso, estar em consonância com o harmonioso fluxo

natural de energia existente na natureza é, segundo esta concepção de mundo, a

forma de se preservar a saúde (FAUBERT, CREPON, 1990).

1.7 MERIDIANOS

Os meridianos são canais de energia, são os caminhos por onde flui o Chi em

nosso organismo. É aí que se encontram os pontos de acupuntura (ECKERT, 2002).

Segundo Tesser (2010), existem 12 meridianos principais que se distribuem

superficialmente e na forma de pares, ou seja, para cada meridiano Yin há um

meridiano Yang correspondente. São eles: meridiano do Pulmão (P) e Intestino

Grosso (IG); Baço-Pâncreas (BP) e Estômago (E); Coração (C) e Intestino Delgado

(ID); Rins (R) e Bexiga (B); Fígado (F) e Vesícula Biliar (VB); e “funções”2: Pericárdio

(MC) e Triplo-Aquecedor (TR) (figura 2).

2 Essas duas funções serão explicadas mais à frente.

17

Figura 2. Trajeto dos meridianos

A cada duas horas há uma predominância do fluxo de energia em um dos

pares de meridianos principais, que influenciará diretamente os órgãos em que

atuam. Como exemplo, podemos citar o meridiano do pulmão, onde a energia está

predominantemente circulando das 3 às 5 horas da manhã, portanto, este é um

ótimo horário para realizar práticas de respiração e a pior hora para fumar (TESSER,

2010).

Além dos 12 meridianos principais, que estão localizados próximos à

superfície do corpo, existem diversos outros meridianos profundos que fazem o elo

de ligação entre os principais canais de energia por todo o organismo, formando

assim uma complexa rede energética que permite a provisão correta de Chi a todos

os órgãos e tecidos a que estão relacionados (ROSS, 1994).

1.8 ÓRGÃOS ZANG FU

Na concepção chinesa, existem 12 órgãos principais, sendo seis de

característica Yin e seis de característica Yang. Esses 12 “órgãos”, na realidade, são

compostos por 10 órgãos e duas funções, as quais não possuem uma estrutura

física concreta (ECKERT, 2002).

18

É importante lembrar que na MTC, os órgãos possuem vários níveis de

atuação no indivíduo, como por exemplo o Rim, que corresponde ao órgão rim sob

um nível anatômico, às energias associadas ao Rim em um nível energético, ao

cérebro sob um aspecto mental e ao medo sob um nível emocional, sendo que todos

esses níveis interagem simultaneamente uns com os outros (MACIOCIA, 2007).

Estes 12 órgãos e funções são divididos de acordo com sua natureza Yin ou

Yang, e são chamados de órgãos Zang e Fu. Os órgãos Zang são de característica

Yin e possuem uma consistência mais compacta. Eles recebem, armazenam,

produzem e transformam o Chi, e compreendem Pulmão, Baço-Pâncreas, Coração,

Rins, Fígado e função Pericárdio, esta última relacionada à vasomotricidade do

coração e ao controle das emoções (ECKERT, 2002; FAUBERT, CREPON, 1990).

Os órgãos Fu são de característica Yang, ditos ocos, e suas principais

funções são a de digerir e absorver os compostos nutritivos dos alimentos e excretar

os detritos provenientes do metabolismo. O Intestino Grosso, Estômago, Intestino

Delgado, Bexiga, Vesícula Biliar e função Triplo Aquecedor – relacionada à

manutenção do calor do corpo e à digestão e regulação dos sistemas endócrino e

linfático – fazem parte dos órgãos Fu, também chamados de vísceras (ECKERT,

2002, FAUBERT, CREPON, 1990).

Para cada órgão Zang há um órgão Fu correspondente, que estão

relacionados entre si da mesma forma que os pares de meridianos, ou seja, o órgão

pulmão relaciona-se com o órgão intestino grosso da mesma maneira com que o

meridiano do pulmão relaciona-se com o meridiano do intestino grosso, e assim

também com os outros pares (SUSSMANN, 2009).

Essa dupla de órgãos interligados atua como uma unidade funcional, a qual

pode se encontrar em equilíbrio ou desequilíbrio, isto é, ela possui um padrão de

sinais e sintomas, onde cada unidade adoece de uma determinada forma

(MACIOCIA, 2007).

1.9 OS CINCO ELEMENTOS

Segundo a MTC, os cinco elementos são os componentes básicos que

constituem a natureza. Nosso organismo, que é regido pelos mesmos princípios da

natureza, sofre a influência dos cinco elementos em suas atividades fisiológicas

(WEN, 1997).

19

Os cinco elementos, também chamados de cinco movimentos ou cinco

manifestações das energias da natureza, se manifestam através da interação

existente entre Yin e Yang e são eles: a madeira, o fogo, a terra, o metal e a água

(TESSER, 2010).

A vida, de uma forma geral, depende da interação e do equilíbrio desses

elementos que estão em constante produção e destruição. Esses processos naturais

são chamados ciclos de geração e dominância, onde cada elemento tem seu papel

ativador e inibidor; se algum estiver em falta ou excesso, todo o ciclo é alterado,

causando danos ao organismo (figura 3) (BRELET-RUEFF, 1991).

Figura 3. Representação dos ciclos dos cinco elementos

Para exemplificar a interdependência dos elementos, podemos explanar

poeticamente sobre o ciclo de geração, onde a madeira é mãe do fogo (é o seu

combustível, como em uma fogueira), o fogo cria a terra (quando se reduz a cinzas),

a terra é mãe do metal (que é originário e encontrado em suas profundezas), o metal

cria a água (ele pode ser fundido e torna-se líquido, que representa a água) e a

água, finalmente, é a mãe da madeira (extremamente necessária para o

desenvolvimento de uma árvore) (FAUBERT, CREPON, 1990).

1.10 FATORES CAUSADORES DAS DOENÇAS

Para compreendermos os fatores causadores das doenças na MTC, é

importante salientar novamente que corpo, mente e emoções são tidos como

totalmente integrados no ser humano. Essa esfera físico-mental-emocional é um

20

círculo de interação onde nenhuma desses níveis tem um papel secundário, mas

todos tem a mesma importância (MACIOCIA, 2007).

Os sintomas apresentados pelos pacientes não são a causa da patologia,

mas simplesmente uma expressão da desarmonia presente. A causa da

desarmonia/doença provém de desequilíbrios que podem ser produzidos por causas

internas e externas (MACIOCIA, 2007).

Assim, o ser humano pode adoecer por basicamente três motivos: fatores

patogênicos internos, externos e os maus hábitos adquiridos (FAUBERT, CREPON,

1990; SOUZA, LUZ, 2011).

Os fatores patogênicos internos estão relacionados às chamadas “Sete

Emoções”, que são grupos amplos sob os quais muitas outras emoções podem ser

incluídas. As sete emoções são classificadas em: fúria, alegria excessiva, tristeza,

preocupação, abstração (trabalho mental excessivo), medo e choques psicológicos.

O ser humano sempre estará sujeito a vivenciar qualquer uma dessas emoções, no

entanto, estas se tornam patológicas quando são muito intensas, constantes ou não

expressadas (FAUBERT, CREPON, 1990; MACIOCIA, 2007; SOUZA, LUZ, 2011).

Fatores patogênicos externos relacionam-se ao tempo e às estações

climáticas, e se dividem em vento, calor de verão, calor do fogo, frio, umidade e

secura. O clima só afetará o organismo quando o tempo estiver excessivamente

modificado (frente fria no verão e ondas de calor no inverno) ou quando os fatores

internos já estiverem alterados (FAUBERT, CREPON, 1990; MACIOCIA, 2007;

SOUZA, LUZ, 2011).

Existem também as outras causas patológicas, que se relacionam aos maus

hábitos, como uma dieta irregular (excesso ou deficiência alimentar), má qualidade

do sono, excesso de exercícios físicos ou sedentarismo, sexo em demasia ou sua

total ausência, traumas decorrentes de acidentes, parasitas, venenos e tratamentos

inadequados (MACIOCIA, 2007; ZEN, 2002).

1.11 DIAGNÓSTICO

O diagnóstico pela MTC procura identificar nos sintomas e na observação do

paciente como um todo a causa de seu adoecimento (TESSER, 2010).

Há alguns métodos clássicos de diagnóstico na medicina chinesa, que são a

anamnese, onde diversas perguntas são feitas, como as preferências alimentares e

21

climáticas do indivíduo, histórico e sintomas da doença, modo de vida, informações

sobre o aspecto da urina, fezes e menstruação, e tudo o que o terapeuta julgue

necessário para compreender melhor o processo da doença (TESSER, 2010).

A audição do som da voz, da respiração e de sons emitidos pelo paciente,

como suspiros, tosse ou soluços e a inspeção da pele, olhos, língua, mãos e unhas

também contribuem para diagnosticar a causa do desequilíbrio energético (TESSER,

2010).

Existe também o método da palpação dos pulsos que, se bem realizado, pode

indicar onde está o desequilíbrio energético primário do organismo, haja vista que o

pulso é capaz de refletir o organismo como um todo. Nesta técnica, são

consideradas velocidade, ritmo, intensidade e características ondulatórias do pulso,

onde cada um desses fatores pode indicar uma desarmonia específica. Muitos anos

de treino e estudo são necessários para se dominar a arte do diagnóstico pelo pulso

(WEN, 1997).

Após esses procedimentos, pode-se ainda utilizar a teoria dos cinco

elementos como forma de diagnóstico, que, através de um pentagrama específico

para tal, permite enquadrar as deficiências e excessos energéticos do indivíduo. Isso

é possível pois cada um dos cinco elementos corresponde-se à um órgão Zang Fu,

à um sentido e à um sentimento específico (FAUBERT, CREPON, 1990; ROSS,

1994).

1.12 ACUPUNTURA

Como base, a MTC possui o clássico “Nei Ching”, livro-pilar de seus

fundamentos. Esta obra conta com praticamente todo o conhecimento do

diagnóstico e tratamento pela acupuntura. Seu conteúdo se apresenta na forma de

diálogos entre o Imperador Amarelo Huang Ti e os médicos da corte, e se divide em

dois livros: “Su-Wen” e “Ling Shu”, sendo o conteúdo da segunda obra específico

para o tratamento com acupuntura. Acredita-se que estes conhecimentos tenham

surgido há cerca de 5000 anos, primeiramente sendo transmitidos apenas de forma

oral e, posteriormente, através de registros escritos; contudo, a data de sua origem é

controversa (BRELET-RUEFF, 1991; SOUZA, 2007; SUSSMANN, 2009; WEN,

1997).

22

De acordo com a prática da acupuntura, existem alguns locais específicos em

todo o corpo e cabeça que podem ser estimulados, principalmente pelo uso de

agulhas, e que são chamados pontos de acupuntura ou acupontos. Esses locais são

centros de armazenamento e distribuição de energia, capazes de reequilibrar o fluxo

energético quando este se encontra em desequilíbrio, auxiliando no processo

intrínseco de autocura do organismo (LIGGINS, 2001).

Sendo assim, a acupuntura é basicamente uma terapia que visa à prevenção

e à cura de doenças (físicas, psíquicas e emocionais) através da aplicação de

agulhas em pontos pré-determinados do corpo (WEN, 1997).

Dentre as terapias existentes na MTC, a acupuntura é uma das mais

conhecidas no Brasil (SOUZA, LUZ, 2011; TESSER, 2010), e isso pode ser

evidenciado pelo crescente número de atendimentos registrados no sistema do

Ministério da Saúde, onde o total de consultas em acupuntura no país passou de 97

mil em 2007 para 720 mil em 2012, indicando um aumento de quase 640%. Vale

lembrar que estes números representam apenas os atendimentos realizados pelo

Sistema Único de Saúde – SUS –, excluindo-se assim os atendimentos realizados

em consultórios e clínicas particulares (NOGUEIRA, 2013).

1.13 ACUPUNTURA COMO FORMA DE TRATAMENTO DA LOMBALGIA

Dentre as propostas de tratamento para a dor lombar, a acupuntura é uma

modalidade de intervenção muito utilizada, onde a diminuição no uso de

medicamentos e a quase total ausência de efeitos colaterais são algumas das

vantagens para quem a utiliza (SILVÉRIO-LOPES, 2013; WEN, 1997).

A Organização Mundial de Saúde recomenda a utilização da acupuntura

sistêmica em 147 afecções, onde foi verificada uma eficácia em 72% dos casos de

dor lombar, sendo superior ao uso de medicamentos, de acordo com livro

“Acupuncture: Review and analysis of reports on controlled clinical trials”, publicado

pela própria organização em 2003, após muitas pesquisas realizadas com

acupuntura em diversas instituições (WHO, 2003).

De acordo com o Ministério da Saúde, através da portaria nº 971 de 3 de maio

de 2006, que aprovou a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares

no Sistema Único de Saúde, a acupuntura

23

é uma tecnologia de intervenção em saúde, inserida na Medicina Tradicional Chinesa (MTC), sistema médico complexo, que aborda de modo integral e dinâmico o processo saúde-doença no ser humano, podendo ser usada isolada ou de forma integrada com outros recursos terapêuticos (BRASIL, 2006, p. 1).

Neste sentido, foram encontrados diversos estudos que comprovam a eficácia

da acupuntura para dor lombar, com o uso somente da acupuntura ou associada a

outros tratamentos. No entanto, a grande maioria desses trabalhos foi feita com o

uso da acupuntura sistêmica.

O estudo de Silva et al. (2005) revelou resultados satisfatórios na melhora de

dores em geral com a intervenção realizada pela acupuntura, em especial nos casos

de lombalgia, obtendo 87,5% de melhora dos sintomas após a aplicação da técnica.

Lorenzetti et al. (2006) concluíram que, a partir da análise de 14 artigos em

sua revisão sobre o tema, a terapia com acupuntura mostrou-se eficaz no alívio da

dor lombar, principalmente para casos de lombalgia crônica.

Em estudo de revisão que incluiu seis revisões sistemáticas, duas meta-

análises, três ensaios controlados aleatorizados e três normas de orientação clínica

nos anos de 2000 a 2009, verificou-se que a acupuntura apresenta eficácia no

tratamento da dor lombar crônica inespecífica. As meta-análises, revisões

sistemáticas e ensaios controlados demonstraram que a acupuntura é mais eficaz

do que a ausência de tratamento e que quando a acupuntura é associada à

terapêutica convencional, esta se torna mais eficaz do que aplicada isoladamente

(MONTEIRO, RIBEIRO, 2010).

Foi encontrado um estudo que comparou a acupuntura sistêmica com a

auriculoterapia para casos de lombalgia e lombociatalgia, em que após 10 sessões,

verificou-se uma diminuição nos níveis de dor (avaliada através da EVA) semelhante

para os dois grupos, mas com melhores resultados para o tratamento com a

acupuntura sistêmica (SILVA, SILVÉRIO-LOPES, 2010).

Fontoura e Neves (2011), em um estudo de caso, verificaram o alívio da dor

lombar através da Escala Visual Numérica, além do retorno da marcha normal, após

10 sessões realizadas com a acupuntura sistêmica.

Em revisão de literatura sobre as patologias dolorosas tratadas com

acupuntura, 11% dos estudos encontrados se referiam ao tratamento para lombalgia

e, desses, 61% apresentou melhora significativa nos níveis de dor lombar

(SILVÉRIO-LOPES, SEROISKA, 2013).

24

A realização de acupuntura aliada a outras terapias conservadoras, como

fisioterapia e educação postural, é mais benéfica do que a aplicação dessas

mesmas terapias isoladamente no tratamento da lombalgia crônica inespecífica.

Também existe maior beneficio na aplicação de acupuntura em relação à utilização

de anestésico tópico em pontos de maior dor lombar e maior eficácia frente ao TENS

placebo (RACHED et al., 2013).

Entretanto, ainda há controvérsias entre a eficácia da acupuntura verdadeira

em relação à acupuntura sham (inserção das agulhas em locais distantes dos

acupontos) para o tratamento da lombalgia inespecífica (RACHED et al., 2013).

1.14 AURICULOTERAPIA

A auriculoterapia é uma técnica da acupuntura que utiliza o pavilhão auricular

para efetuar o tratamento de diversas enfermidades (PRADO, KUREBAYASHI,

SILVA, 2012).

Ela trabalha apenas com pontos situados na orelha, que compreendem um

microssistema do organismo humano – ou seja, a representação de todo o corpo

está contida no pavilhão auricular – (SILVÉRIO-LOPES, SEROISKA, 2013), no qual

um “mapa” que corresponde a todos os órgãos e estruturas do corpo permite com

que se atue no organismo de maneira ampla (REICHMANN, 2008).

O uso da auriculoterapia remete-se à antiguidade, havendo descrições no

“Nei Ching” a respeito dos diversos canais de energia vital que passam pela orelha

externa (ANDERSON, 2001), contudo, foi um médico francês chamado Paul Nogier

que redescobriu a técnica, permanecida à sombra da acupuntura sistêmica na China

(SUSSMANN, 2009).

No século XIX, em 1850, já haviam aparecido na França diversos estudos que

indicavam com grande precisão a cauterização de um determinado ponto da

aurícula para a cura radical da dor ciática, com ótimos resultados sendo obtidos por

este método (SUSSMANN, 2009).

Baseando-se nestes estudos, Nogier deu início a uma busca de possíveis

relações com outros órgãos e locais do corpo que tivessem correspondência com o

pavilhão auricular. Dessa forma, através de estudos de experimentação clínica,

Nogier foi gradualmente traçando um mapa topográfico da orelha, onde numerosos

25

pontos que se relacionam a partes do corpo foram encontrados (ANDERSON, 2001;

SUSSMANN, 2009).

Assim, em torno da década de 1950, devido aos estudos de Nogier, o

pavilhão auricular começou a ser compreendido como uma estrutura análoga a um

feto invertido, devido ao posicionamento dos pontos correspondentes às regiões do

corpo (figura 4) (SUSSMANN, 2009).

Figura 4. Modelo da analogia de um feto com a orelha externa

Dessa forma, atualmente existem dois ramos na auriculoterapia, a Escola

Chinesa e a Escola Francesa. A maneira como a auriculoterapia age no organismo é

compreendida de forma distinta por estas Escolas, assim como cada uma tem seus

pontos auriculares específicos, mas que possuem de uma forma geral, a mesma

distribuição. Sabe-se que as duas Escolas são eficientes e é possível trabalha-las

concomitantemente, além de ambas admitirem o uso da auriculoterapia em conjunto

com a acupuntura sistêmica ou mesmo substituindo-a integralmente (BETTIOL,

2010; NEVES, 2010; SOUZA, 2007).

1.15 ESCOLA CHINESA

Na visão oriental, o pavilhão auricular é considerado um centro de

agrupamento de meridianos, e por isso, possui influência sobre todo o organismo,

considerando-se que as doenças têm origem por um desequilíbrio energético

(SOUZA, 2007).

26

O estímulo da zona auricular correspondente à parte do organismo em

desequilíbrio permitirá regularizar o fluxo de energia e retomar o estado natural das

funções corporais, pois é através dos pontos de acupuntura que se torna possível

“manipular” essa circulação energética, que pode encontrar-se bloqueada, em

deficiente ou excesso (SOUZA, 2007).

Dentro da auriculoterapia, os princípios básicos da MTC (Yin e Yang,

Meridianos, Teoria dos órgãos Zang Fu e Teoria dos Cinco Elementos) também

podem ser utilizados para a realização de sua terapêutica, sendo que esta pode ser

utilizada em conjunto com outras técnicas, como a moxabustão e a fitoterapia

(MAZER, 2013).

A MTC fez a correlação entre os órgãos e tecidos e os cinco elementos, por

isso, a lombalgia está geralmente associada a distúrbios da energia do Rim e

Bexiga, pois a região da lombar sobre influência do meridiano da Bexiga e do órgão

Rim (MACIOCIA, 2007).

1.16 ESCOLA FRANCESA

Aqui chamamos de Escola Francesa toda a visão ocidental sobre os possíveis

mecanismos de atuação neurofisiológicos da acupuntura e auriculoterapia.

Várias teorias são descritas com o intuito de explicar os benefícios da

acupuntura, no entanto, seu mecanismo de ação ainda não foi totalmente explicado

pela medicina convencional.

Na teoria do sistema reflexo, acredita-se que a relação direta do pavilhão

auricular com o sistema nervoso central, que se dá através dos diversos pares de

nervos cranianos, é o que permite a conexão e intervenção em todo o organismo

(MENEZES, MOREIRA, BRANDÃO, 2010; SOUZA, 2007).

Outra explicação é pela teoria das comportas, proposta por Melzack e Wall

(1965). Através da inserção da agulha ou outro material utilizado, há uma

estimulação de fibras sensitivas tipo A, de calibre mais grosso e condução mais

rápida, as quais levam este estímulo até o corno posterior da medula e esta ascende

pelo trato espinotalâmico. Assim, as fibras tipo C, não mielinizadas e de condução

mais lenta, que por sua vez conduzem os estímulos dolorosos, tornam-se incapazes

de transmitir sua mensagem ao tálamo (GOSLING, 2013; MENEZES, MOREIRA,

BRANDÃO, 2010).

27

O alívio da dor pela auriculoterapia também é explicado pela liberação de

neurotransmissores que a aplicação nos pontos proporciona. O estímulo realizado

num ponto de acupuntura promove resposta neuro-humoral do organismo, o que faz

as células secretarem substâncias opioides como a endorfina, serotonina e

encefalina, espécies de analgésicos naturais que propiciam o alívio de dores e a

sensação de bem-estar (FERREIRA, 2010; MENEZES, MOREIRA, BRANDÃO,

2010; SECA, 2011; SILVÉRIO-LOPES, SEROISKA, 2013).

1.17 MATERIAS UTILIZADOS NA AURICULOTERAPIA

Pode-se fazer uso de diversos materiais para aplicação da auriculoterapia,

sendo estes escolhidos de acordo com a necessidade do paciente e a experiência

do terapeuta.

Dentre os mais conhecidos estão as agulhas, que podem ser: agulhas

sistêmicas, iguais às utilizadas na acupuntura sistêmica, que permanecem

aproximadamente 20 minutos nos pontos do pavilhão auricular e são retiradas no

final da sessão; agulhas semi-permanentes, que possuem diferentes comprimentos

que variam de 1,0 a 2,5 mm e permanecem no local estimulado por alguns dias; e

agulhas akabane, que possuem um comprimento de lâmina maior e são inseridas de

forma paralela à pele, para quando há necessidade de estimular vários pontos de

uma só vez. (ANDERSON, 2001)

Outra forma de estimulação dos pontos auriculares é com esferas, que podem

ser de ouro, prata, inox e cristal, sendo que atualmente as esferas de ouro e prata

são muito raras de serem utilizadas; os magnetos, que possuem a capacidade de

potencializar o efeito terapêutico através de seus polos magnéticos; e as sementes

de mostarda, que possuem forma arredondada e são muito utilizadas na prática

clínica, pelo seu baixo custo e alta aceitação por parte dos pacientes, indicadas para

crianças, idosos e pessoas que temem o uso das agulhas (MEHTA, 2009).

A auriculoterapia também pode fazer uso de estímulos elétricos, em que os

pontos auriculares são estimulados com agulhas sistêmicas conectadas através de

garras tipo “jacaré” ao estimulador elétrico. São emitidos impulsos elétricos, cuja

frequência pode variar de acordo com a área a ser estimulada e o efeito desejado. O

laser também pode ser aplicado em baixa potência nos pontos estipulados.

(ANDERSON, 2001).

28

Além disso, pode-se realizar a simples pressão dos dedos nos pontos

auriculares, técnica chamada de acupressão (MAZER, 2013).

Os materiais mais utilizados na prática clínica são as agulhas

semipermanentes e as sementes de mostarda, que fixam-se na orelha por meio de

adesivos, geralmente pelo período mínimo de quatro dias e máximo de uma semana

(MAZER, 2013).

Recomenda-se esse período de tempo por conta da eficácia terapêutica da

prática, haja vista que o tempo mínimo para o efeito da auriculoterapia é de três a

quatro dias – quando seu efeito chega ao ápice –, e após isto, este vai diminuindo,

contudo, seu efeito perdura até sete dias após a aplicação. Passado esse período, o

ponto já está “saturado” e não apresenta mais resultados, além de começar a

oferecer riscos de infecção (ZUMSTEIN, 2012).

1.18 JUSTIFICATIVA

A acupuntura vem sendo amplamente estudada, e sabe-se que esta oferece,

além de grande eficácia em diversas afecções, inúmeras vantagens a quem as

utiliza, como: diminuição no uso de medicamentos, ausência de efeitos colaterais,

instrumentação simples, de baixo custo e fácil transporte, e complementaridade

terapêutica, quando a medicina convencional não é capaz de proporcionar um

tratamento satisfatório (WEN, 1997).

Encontram-se na literatura científica diversos estudos e revisões que

comprovam a eficácia da acupuntura para analgesia da dor lombar (FONTOURA,

NEVES, 2011; LORENZETTI et al., 2006; MONTEIRO, RIBEIRO, 2010; RACHED,

2013; SILVA et al., 2005; SILVÉRIO-LOPES, SEROISKA, 2013), entretanto, grande

parte deles foi realizada com o uso da acupuntura sistêmica, aliando-se ao fato de

não avaliarem a funcionalidade e a mobilidade lombar após o tratamento.

Portanto, o presente estudo justifica-se pela importância de se investigar um

dos diversos recursos terapêuticos possíveis para essa morbidade tão comum, e

saber se, além da analgesia que pode ser obtida por meio da auriculoterapia, pode

haver uma melhora na funcionalidade e um aumento na mobilidade da coluna

lombar dos indivíduos tratados com essa intervenção.

29

2. OBJETIVOS

O objetivo desse estudo foi verificar se o tratamento com auriculoterapia

resultou em melhora do quadro álgico, funcionalidade e mobilidade lombar em

adultos com lombalgia crônica inespecífica, além de verificar se houve diferença

entre o tratamento de auriculoterapia realizado com sementes e o realizado com

agulhas nestas mesmas variáveis.

3. MÉTODOS

Trata-se de um estudo experimental, randomizado e controlado, aprovado

pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de Biociências de Rio Claro da

Universidade Estadual Paulista, CAAE nº 34550014.3.0000.5465.

3.1 SUJEITOS

Os participantes do estudo foram indivíduos de ambos os gêneros, recrutados

no campus do Instituto de Biociências de Rio Claro, em locais públicos da cidade de

Rio Claro e por meio de divulgação informal. Estes indivíduos foram divididos

aleatoriamente por meio de sorteio em três grupos: dois experimentais e um

controle.

Os critérios de inclusão consistiram em apresentar lombalgia crônica

inespecífica e estar dentro da faixa etária de 18 a 60 anos. Como critério diagnóstico

para dor lombar crônica inespecífica foi definida a duração da dor por um período de

no mínimo três meses e sem limite máximo de tempo, em uma região entre o último

arco costal e a prega glútea.

Os participantes deveriam estar livres de qualquer tipo de tratamento

medicamentoso como anti-inflamatórios e relaxantes musculares por no mínimo três

dias antes da primeira avaliação e terem assinado o Termo de Consentimento Livre

e Esclarecido (APÊNDICE A).

Os critérios de exclusão foram a presença de doenças neurológicas, histórico

de cirurgia na coluna vertebral, período gestacional e de lactação, lombociatalgia,

problemas de coagulação sanguínea e qualquer condição em que a lombalgia fosse

considerada de causa específica.

30

A realização de qualquer tipo de tratamento específico para a dor lombar

(conservador ou medicamentoso) concomitantemente ao período da pesquisa ou o

não comparecimento a 100% das sessões foram um fator de exclusão.

Inicialmente participaram do estudo 31 indivíduos, entretanto, nove não

concluíram a pesquisa, conforme demonstrado a seguir (fluxograma 1).

Fluxograma 1. Exclusão de participantes ao longo da pesquisa

Dessa forma, concluíram a pesquisa 22 participantes divididos em três

grupos: Agulha (n=8), Semente (n=8) e Controle (n=6).

3.2 INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO

Para a verificação das variáveis dor, funcionalidade e mobilidade lombar,

quatro instrumentos de avaliação foram aplicados em todos os grupos no primeiro

encontro e novamente após quatro semanas.

Para avaliação da intensidade da dor lombar foi usada a Escala Visual

Analógica (EVA) (figura 5), que consiste em uma linha reta de 10 centímetros não

Início: 31 participantes

Grupo Agulha: 10 Grupo Semente: 12 Grupo Controle: 9

Desistência espontânea: 1

Pilates: 1

Não comparecimento: 3

Uso de medicamentos: 1

Não comparecimento: 3

Final: 22 participantes

Grupo Agulha: 8 Grupo Semente: 8 Grupo Controle: 6

31

graduada por números, que indica em uma extremidade a ausência de dor, e na

outra extremidade, a dor mais intensa possível. Esse é um instrumento amplamente

utilizado e confiável para avaliar a dor, que é uma experiência sensorial subjetiva, e

portanto, deve basear-se no relato do indivíduo (PAIVA et al., 2006; NORDIN,

ALEXANDRE, CAMPELLO, 2003).

Primeiramente era explicado ao participante como a EVA deveria ser

assinalada, e após confirmado se havia ocorrido o entendimento de seu

preenchimento, a escala era entregue para o próprio participante marcar o nível de

dor lombar que sentia naquele exato momento.

Figura 5. Escala Visual Analógica (EVA)

Para a funcionalidade ser totalmente abordada, deve-se levar em

consideração tanto o desempenho funcional quanto a capacidade física dos

indivíduos.

Com a avaliação desses dois aspectos, é possível definir um estado mais

preciso e completo da condição funcional do indivíduo com lombalgia, podendo

contribuir para um melhor entendimento do processo de incapacidade funcional e

permitindo elaborar uma terapêutica mais específica (OCARINO et al., 2009).

Para isso, foram utilizados dois instrumentos na verificação da funcionalidade:

Questionário de Incapacidade Lombar de Quebec (QILQ) e o Teste de Sentado Para

em Pé (TSP).

No QILQ, desenvolvido em 1995 por Kopec, são apresentadas 20 atividades

cotidianas que podem estar sendo prejudicadas em decorrência da dor lombar

(ANEXO A).

Ele possui seis domínios principais: descanço/sono, sentar/levantar,

caminhar, movimentação, flexão/parada e objetos pesados. Cada item possui uma

escala com pontuação de zero a cinco, sendo que zero indica a ausência de

dificuldade na realização da tarefa, e cinco, uma dificuldade máxima. Portanto, o

32

escore total varia de zero a 100, sendo que quanto maior o escore da pontuação

final, pior é a condição da funcionalidade desse indivíduo em decorrência da

lombalgia (FALAVIGNA, 2011). O questionário era explicado e entregue ao

participante, que deveria ele mesmo preenchê-lo, e no caso de dúvidas, recorrer ao

avaliador. Este questionário foi validado para o Brasil em 2007 por Rodrigues e

Traebert.

Ainda referente à funcionalidade, dentro do aspecto da capacidade física, foi

aplicado o Teste de Sentado Para de Pé (TSP). As capacidades físicas avaliadas

por este teste são força, pelo fato do indivíduo se sentar e levantar contínuas vezes

e assim utilizar grupos musculares para mover-se, e velocidade do movimento, pelo

teste exigir que essa mudança de sentado para em pé ocorresse o mais rápido

possível (CRUZ, GUERRA, MACIAS, 2006).

O TSP consiste em realizar a troca de sentado para em pé cinco vezes

consecutivas o mais rápido que o indivíduo conseguir. Não era permitido ajuda das

mãos ou qualquer outro apoio para levantar-se (braços ficavam cruzados no peito)

(OCARINO et al., 2009).

O teste foi realizado duas vezes consecutivas, com descanso de três minutos

entre as repetições, com o tempo sendo cronometrado e valor final igual à média do

tempo das duas repetições (OCARINO et al., 2009).

A única ordem dada pelo avaliador era para o participante iniciar o teste, isso

acontecia no mesmo momento em que o cronômetro era disparado. O cronômetro

era parado quando o indivíduo sentasse pela quinta vez no banco, que media 47 cm

e não possuía encosto (figura 6).

Figura 6. Execução do Teste de Sentado Para em Pé

33

Para avaliação da mobilidade lombar foi realizado o Teste de Schober, que

se inicia com o participante em postura ortostática com os pés unidos. Dessa forma,

o avaliador traça um risco nas costas do indivíduo, na altura das espinhas ilíacas-

póstero superiores. Com uma fita métrica, mede-se 10 centímetros acima desse

risco e marca-se outro traço. O participante então é orientado a realizar uma flexão

anterior do tronco até o primeiro ponto de dor ou resistência. Mantendo-se nesta

postura, o avaliador mede novamente a distância entre os traços marcados (figura

7). A distância entre eles deve ter aumentado no mínimo cinco centímetros para os

indivíduos serem considerados sem alterações de mobilidade. Este é um teste

amplamente utilizado e aceito para avaliação da mobilidade da coluna lombar

(ACHOUR JR, 2006; IMAMURA, KAZIYAMA, IMAMURA, 2001).

Figura 7. Teste de Schober para mobilidade lombar

Todos os testes foram todos realizados pelo mesmo avaliador, sempre na

mesma ordem: EVA, QILQ, Teste de Schober e TSL.

3.3 INTERVENÇÕES

As intervenções foram realizadas com os indivíduos em decúbito dorsal, em

sala privativa dentro do campus do Instituto de Biociências de Rio Claro da

Universidade Estadual Paulista por um período de quatro semanas consecutivas,

sendo um encontro por semana.

34

Sete dias após a última sessão, os participantes foram reavaliados com os

mesmos testes, visto que, passado este período, ainda estavam sob influência do

último tratamento de auriculoterapia recebido, visto que este é o tempo máximo pelo

qual as agulhas e sementes tem ação terapêutica.

No primeiro grupo (n=8) o tratamento foi realizado com agulhas de inox

descartáveis de 1,5 mm; o segundo grupo (n=8) recebeu a aplicação de sementes

de mostarda e o grupo controle (n=6) não recebeu intervenção até o término do

tratamento dos grupos experimentais.

Em todos os grupos, os participantes recebiam a intervenção após o

instrumental ter passado pelo processo de biossegurança exigido e realizada a

higienização do pavilhão auricular com algodão e álcool etílico 70% (NOGUEIRA,

MAKI, 2003).

As agulhas ou sementes eram colocadas com o auxílio de uma pinça própria

para esta aplicação (figura 8) e logo em seguida os participantes eram liberados,

não havendo a necessidade de permanecerem em decúbito dorsal na sala de

atendimento, exceto no caso de sentirem qualquer tipo de mal-estar.

Figura 8. Pinça para colocação das agulhas e sementes

No caso de irritação, vermelhidão ou inchaço do ponto, bem como a queda de

alguma agulha ou semente após a sessão, foi orientado ao indivíduo que entrasse

em contato com a pesquisadora.

As aplicações foram realizadas de acordo com a Escola Chinesa de

auriculoterapia, nos pontos Shenmen, Rim, Simpático, Analgesia, Relaxamento

muscular, Coluna lombar e Adrenal (figura 9). Estes pontos foram escolhidos por

serem considerados apropriados para o tratamento da dor lombar e pelos bons

resultados já apresentados em outros estudos (EBERHARDT et al., 2015;

SILVÉRIO-LOPES, SEROISKA, 2013; MEHRET, COLOMBO, SILVÉRIO-LOPES,

2010).

35

Figura 9. Pontos auriculares trabalhados

Os locais dos pontos auriculares foram baseados no livro “Tratado de

Auriculoterapia” (SOUZA, 2007). A aplicação máxima foi de 11 pontos, considerando

que os pontos Relaxamento muscular e Coluna lombar permitem utilizar mais de um

ponto para sua total ativação (ZUMSTEIN, 2012).

Os participantes destros receberam a primeira sessão de acupuntura na

orelha direita e os sinistros na orelha esquerda. Para saber a lateralidade, foi

perguntado ao participante antecipadamente qual seu membro dominante. A cada

sessão as orelhas tratadas eram alternadas, evitando assim a saturação dos pontos

estimulados (ZUMSTEIN, 2012).

Os dois grupos experimentais ficaram com as agulhas e sementes no

pavilhão auricular até a sessão seguinte, sendo que o grupo semente deveria

realizar pressão nos pontos de aplicação por no mínimo três vezes ao dia durante o

tratamento, uma vez que a semente não perfura a pele como a agulha e necessita

deste estímulo para sua perfeita atuação nos pontos auriculares. Após todas as

sessões, os participantes do grupo semente eram relembrados da necessidade da

pressão nos pontos.

36

3.4 ANÁLISE DOS DADOS

Para a verificação da distribuição dos dados, foi utilizado o teste de Shapiro

Wilk e, ao se constatar a distribuição normal dos dados, foi utilizado o teste de

Análise de Variância Multivariada (MANOVA) para comparação das características

amostrais dos grupos.

Para a análise estatística das variáveis dependentes dos grupos, foi utilizado

o teste de Shapiro Wilk e o teste de Análise de Variância (ANOVA) Two Way de

medidas repetidas.

Para verificar em que momento os grupos se comportaram diferentes nas

variáveis, foi utilizado o Teste t pareado e o teste ANOVA seguido do post hoc de

Bonferroni.

Foi utilizado o Software PASW Statistics 18.0® (SPSS) para análise dos

dados, com nível de significância de 5% (p 0,05) para todos os testes.

4. RESULTADOS

A tabela 1 apresenta as características amostrais dos participantes, onde foi

verificado que estatisticamente os grupos são semelhantes nas variáveis idade,

tempo de dor em anos, índice de massa corporal e prática de atividade física, pois

não foram observadas diferenças significativas.

Tabela 1. Média e desvio padrão das características amostrais dos grupos (n=22)

Variáveis

Agulha Semente Controle

Média±DP n=8 Média±DP n=8 Média±DP n=6 Valor de

p

Idade 33,3±12,5 36,8±10,1 44,3±16,5 0,30

Tempo de

dor (anos)

2,75±1,48 12,1±8,85 8,0±9,31 0,056

IMC 28,4±7,97 26,5±3,44 22,3±4,99 0,17

Praticante

de atividade

física

Sim 37,5%

Não 62,5%

Sim 75%

Não 25%

Sim 16,6%

Não 83,4% 0,08

DP: desvio padrão; IMC: índice de massa corporal

37

Em relação às avaliações, foi encontrada diferença significativa nas variáveis

EVA (p=0,001), QILQ (p=0,003) e TSP (p=0,033) (tabela 2).

Ou seja, isso significa que, independente se o grupo foi agulha, semente ou

controle, foi encontrado um efeito significativo da avaliação pré e pós nestas

variáveis, indicando que houve uma diminuição da dor e um aumento da capacidade

funcional.

Tabela 2. Valores encontrados para o efeito avaliação

*p<0,05: Pós tratamento significativamente diferente do pré tratamento

Não foi encontrado efeito grupo, pois não foram observadas diferenças

significativas nas variáveis EVA (p=0,40), QILQ (p=0,74), TSP (p=0,08) e Teste de

Schober (p=0,48) (tabela 3).

Ou seja, quando ignoradas as avaliações pré e pós, todos os grupos

(experimental e controle) apresentaram resultados basicamente iguais em todas as

variáveis representadas na tabela.

Tabela 3. Valores encontrados para o efeito grupo

Variáveis Efeito Avaliação

Pré Pós

EVA 5,92±1,95 3,53±2,48*

QILQ 26,3±16 12,6±13,9*

TSP 13,7±3,5 11,9± 5,5*

Schober 14,7±1,0 14,8±1,0

Variáveis Efeito Grupo

Agulha Semente Controle

EVA 4,28±2,87 4,63±2,09 5,45±2,56

QILQ 18,2±17,6 21,6±15,6 18,2±16,5

TSP 11,4±2,73 11,8±3,54 15,9±6,60

Schober 15±1,09 12,7±1,1 14,4±0,76

38

Quando analisado o efeito interação, pudemos observar resultados

significativos para EVA (p=0,001) somente nos grupos experimentais (tabela 4).

Ou seja, pensando-se na interação existente entre os grupos e as avaliações,

esse resultado indica que a maneira como a variável EVA se comportou foi diferente

para os grupos.

Tabela 4. Valores encontrados para o efeito interação entre grupo e avaliação

*p<0,05: Pós tratamento significativamente diferente do pré tratamento

Portanto, como os grupos apresentaram comportamento diferente para a

variável EVA, conforme observado no efeito interação, foi analisado onde se

encontrava essa diferença.

Foi observado que essa diferença se encontrava nos grupos agulha (p=0,002)

e semente (p=0,001), ou seja, somente os grupos que receberam a auriculoterapia

apresentaram diferença no que tange à dor antes e após o tratamento, indicando

assim, que o tratamento levou a uma diminuição da dor lombar, ao contrário do

grupo controle, que não teve tratamento e não apresentou diferença significativa em

relação à dor inicial.

Para confirmação destes dados, inicialmente foi realizada a comparação do

momento pré tratamento entre todos os grupos, e como não foram encontradas

diferenças significativas, isso nos revela que os grupos começaram com o mesmo

nível de dor antes do início do tratamento, com p=0,302 entre os grupos agulha e

controle, p=0,558 entre os grupos semente e controle e p=0,999 entre os grupos

agulha e semente.

Efeito Interação (grupos x avaliação)

Variáveis

Grupo Agulha Grupo Semente Grupo Controle

Pré Pós Pré Pós Pré Pós

EVA 6,53±1,47 2,02±1,97* 6,17±1,04 3,33±2,08* 4,76±3,02 6,13±2,06

QILQ 29,1±17,2 7,37±10,0 29,6±15,7 15,8±14,3 18,3±14,2 18,1±19,9

TSP 12,8±2,65 10±2,12 12,9±4,07 9,86±2,94 15,8±3,56 15,9±9,11

Schober 15±1,28 15,1±0,96 14,6±1,06 15±1,05 14,5±0,35 14,3±1,03

39

Já na comparação do momento pós tratamento para a variável EVA, foi

encontrada uma diferença significativa entre todos os grupos (p= 0,005), sendo que

particularmente, essa diferença ocorreu entre os grupos agulha e controle (p=0,004).

O grupo semente e controle teve uma tendência a ser significativamente

diferente, no entanto, esse resultado não foi alcançado (p=0,06).

Já quando comparado o grupo agulha e o grupo semente, não foi observada

diferença, indicando que o tratamento com ambas as técnicas é igual para a variável

dor (p=0,641).

5. DISCUSSÃO

Reconhecendo a auriculoterapia como possível instrumento terapêutico para

a dor lombar, este estudo buscou verificar a eficiência desse tratamento em

portadores de lombalgia crônica inespecífica para diminuição da dor e aumento da

funcionalidade e mobilidade lombar.

Nossos resultados indicaram que, de uma forma geral, houve uma melhora

significativa nas variáveis dor lombar e capacidade funcional após os indivíduos

terem recebido o tratamento com auriculoterapia.

Como já citados anteriormente, diversos estudos encontrados corroboram

com os resultados no que tange à redução da dor lombar, muito embora estes terem

sido realizados em sua maioria com o uso da acupuntura sistêmica (FONTOURA,

NEVES, 2011; LORENZETTI et al., 2006; MONTEIRO, RIBEIRO, 2010; RACHED,

2013; SILVA et al., 2005; SILVÉRIO-LOPES, SEROISKA, 2013).

Acreditamos que nossos resultados tenham sido favoráveis também com o

uso da auriculoterapia pelo fato do pavilhão auricular ser uma representação do

organismo como um todo, o que permite tratar diversas afecções, mesmo que

distantes da orelha externa. O fato dos pontos auriculares terem sido

cuidadosamente escolhidos e tratados pode ter ajudado a alcançar o propósito

esperado.

Foi encontrado um estudo experimental que realizou o tratamento de

auriculoterapia com sementes em um grupo de 74 indivíduos portadores de dor

lombar crônica, com uma única aplicação de duração de sete dias. Os pontos

utilizados foram Shenmen, Subcórtex e Vértebras Lombares e o instrumento para

avaliar os níveis de dor antes e após o tratamento foi o Inventário Resumido da Dor

40

(Brief Pain Inventory Short Form). Os sujeitos relataram uma redução de 46% na pior

dor, mais de 50% de redução para dor média e gravidade geral da dor (itens do

inventário), e 62,5% dos indivíduos afirmaram ter feito menor uso de medicação para

a dor durante o tratamento (YEH et al., 2012).

Em revisão sistemática e meta-análise que envolveu 17 estudos sobre os

efeitos da auriculoterapia na diminuição da dor, foi concluído que este é um

tratamento efetivo para uma grande variedade de tipos de dor, como dores agudas e

crônicas em geral e dor pós-operatória. No caso deste estudo, não há uma menção

específica para os casos de dor lombar (ASHER et al., 2010).

Outros estudos realizados com a auriculoterapia para outras afecções como

cefaleia (PIEL, SILVÉRIO-LOPES, 2006), lesões por esforços repetitivos (LER) e

distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT) (ARAÚJO et al., 2006),

artrite reumatóide (ANDRADE, BURIGO, 2010) e síndrome do ombro doloroso

(ZANELATTO, 2013) também demonstraram resultados benéficos no alívio da da

dor após o tratamento.

Como vimos em nossos resultados, só foi encontrada uma diferença

significativa entre os grupos no grupo agulha e controle para a variável dor. Esse

resultado pode ter se dado pelo fato de que, para o grupo agulha, não era

necessário realizar a estimulação dos pontos auriculares, ao contrário do grupo

semente, que ao ter esse compromisso a mais, pode ter se esquecido ou não

realizado o mínimo de estimulações recomendadas, que eram três vezes ao dia.

A estimulação dos pontos realizada com a agulha também pode ter uma

ativação maior dos pontos, pelo fato de realizar a perfuração superficial da pele,

diferente da semente, onde há apenas uma pressão exercida nos pontos.

No entanto, o grupo agulha quando comparado ao grupo semente não

demonstrou ter superioridade na melhora da dor, indicando que ambos os

tratamentos são benéficos para tal, quando comparados os momentos pré e pós

tratamento desses grupos.

Acreditamos que não foram encontradas diferenças no tratamento realizado

com agulhas e com sementes pelo fato dos pontos auriculares terem sido os

mesmos em ambos os grupos.

Não foi encontrado nenhum estudo que comparasse essas duas técnicas no

tratamento da dor lombar crônica, entretanto, um estudo que comparou a aplicação

de auriculoterapia com agulhas e sementes para o alívio do stress foi identificado.

41

Participaram 75 enfermeiros divididos em três grupos (agulha, semente e controle)

que receberam oito sessões de auriculoterapia. Foi verificado que houve diferença

significativa na diminuição do stress somente entre o grupo agulha e o controle, e

que esta condição se manteve por 15 dias após o término do tratamento. Quando

comparado o momento pré e pós dentro do grupo semente, também foi observado o

alívio do stress a partir da quarta sessão, ao contrário do grupo agulha, que já na

primeira sessão demonstrou essa melhora (KUREBAYASHI et al., 2012).

Os resultados de nosso estudo também indicaram uma melhora da

capacidade funcional, tanto em relação ao desempenho funcional (capacidade de

realização de tarefas cotidianas comuns), por meio do QILQ, quanto da capacidade

física dos indivíduos, avaliada pelo TSP.

Pudemos observar que houve uma diminuição significativa do escore do

QILQ, bem como no tempo de realização do TSL, indicando que a auriculoterapia

auxiliou nesses dois aspectos da funcionalidade. Isto se deve possivelmente à

diminuição da dor lombar ocasionada pelo tratamento, o qual permite com que o

indivíduo retorne às suas atividades cotidianas com maior segurança e

independência.

Foi observado um ganho de funcionalidade com a aplicação da acupuntura

em estudo realizado com 24 portadores de lombalgia, que foram divididos em quatro

grupos com intervenções distintas – auriculoterapia e cinesioterapia, craneopuntura

e cinesioterapia, eletroacupuntura e cinesioterapia e somente cinesioterapia

convencional. Através do Questionário de Oswestry, o grau de independência

funcional foi avaliado pré e pós tratamento, que teve um total de 10 sessões. Os três

grupos submetidos às técnicas de acupuntura obtiveram melhores resultados no

nível de funcionalidade em relação ao grupo tratado somente com a cinesioterapia,

demonstrando um ganho clínico quando usada a acupuntura juntamente ao

tratamento convencional. Quando foram comparadas as técnicas de acupuntura, a

que apresentou melhores resultados foi a auriculoterapia. (MEHRET, COLOMBO,

SILVÉRIO-LOPES, 2010).

Em nosso estudo, a mobilidade lombar não apresentou melhora significativa

após o tratamento de auriculoterapia, não corroborando com estudo de Duarte

(2012), onde dois grupos foram submetidos ao tratamento com acupuntura, sendo

um com acupuntura verdadeira (grupo experimental) e outro à acupuntura realizada

em pontos falsos (grupo controle). Nesta pesquisa, somente o grupo experimental

42

apresentou melhora significativa da mobilidade lombar, avaliada por meio do

goniômetro.

Apesar de não termos tido resultados significativos nesta variável, pudemos

observar que o grupo controle teve uma discreta diminuição da mobilidade em

relação aos grupos experimentais, pelo que podemos inferir que, apesar de o

tratamento não ter oferecido um ganho de mobilidade lombar, também não resultou

em perda desse movimento.

6. CONCLUSÃO

E nosso estudo, verificou-se uma diminuição nos níveis de dor dos portadores

de lombalgia crônica inespecífica, bem como uma melhora na capacidade funcional

após o tratamento realizado com a auriculoterapia.

Não foi encontrada diferença entre o tratamento realizado com agulhas e o

com sementes, indicando que ambos são benéficos para o alívio da dor lombar

crônica e para o aumento da capacidade funcional.

Portanto, por ser a dor lombar uma das queixas mais comuns encontradas na

prática clínica, a auriculoterapia, além de ser um método de tratamento rápido,

relativamente simples e praticamente sem efeitos colaterais, pode vir a ser uma

ferramenta terapêutica muito útil e eficaz para estes casos.

43

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50

APÊNDICE A

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO - (TCLE)

(Conselho Nacional de Saúde, Resolução 466/12)

Meu nome é Flora Tolentino, RG: 41368207-9, e estou realizando uma pesquisa de Mestrado sob a orientação

do prof. Dr. Marcelo Tavella Navega, no programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Humano e Tecnologias da

UNESP de Rio Claro. Estou te convidando a participar desta pesquisa, que irá oferecer um tratamento com o uso da

auriculoterapia (acupuntura somente na orelha) em pessoas que apresentem dor lombar (parte baixa da coluna).

Os participantes responderão um questionário sobre sua dor lombar e atividades cotidianas e realizarão um

teste de mobilidade e um teste de capacidade física, somente no primeiro e no último encontro. Após isso, serão

sorteados para definir em qual grupo serão colocados: grupo tratado com agulhas, grupo tratado com sementes de

mostarda, ou ainda, como grupo controle; este último entrará para uma lista de espera e deverá aguardar um pouco,

mas o seu tratamento estará garantido. O tempo total da pesquisa é de 5 semanas. Meu objetivo é verificar se a

acupuntura pode aliviar sua dor lombar, te ajudar a realizar mais movimentos com a coluna e permitir que você realize

suas atividades diárias com mais facilidade.

Os riscos ao se submeter a um tratamento que utilize auriculoterapia podem ser a transmissão de doenças e

infecções; por este motivo, somente serão utilizadas agulhas descartáveis e todo o procedimento passará pelo

processo de biossegurança exigido, como forma de minimizar os riscos. Algum desconforto e vermelhidão nos pontos

durante a aplicação da acupuntura e também por alguns dias pode ser sentido, essa é uma condição normal,

entretanto, em qualquer sinal de alergia, forte coceira ou inchaço, inflamação ou reações desfavoráveis ao tratamento

como hipersensibilidade ou queda de pressão, as agulhas/sementes serão retiradas imediatamente, podendo o

tratamento ser suspenso. Ao responder o questionário, os possíveis riscos são constrangimento e a lembrança de

situações desagradáveis, e ao realizar os testes, os riscos são desconforto e aumento da dor. Para minimizar essas

situações, o questionário será aplicado individualmente, sendo que o participante poderá se recusar a responder

qualquer questão que lhe traga incômodo; e os testes serão realizados somente se o participante, no momento do teste,

apresentar um estado de saúde que lhe permita executá-los.

Eu estarei disponível para dar esclarecimentos e assistência por todo o período da pesquisa. Os resultados

dessa pesquisa podem contribuir para o aumento do conhecimento da auriculoterapia como mais um tratamento no

combate à dor lombar, o que se refletirá na sociedade, podendo beneficiar diversas pessoas que também apresentem

dor lombar, bem como uma diminuição da mobilidade lombar e dificuldades na execução de tarefas diárias. Participar

desta pesquisa é uma opção e no caso de não aceitar participar ou desistir em qualquer fase da pesquisa, fica

assegurado que você não sofrerá nenhuma consequência por isso. Todas as informações coletadas neste estudo são

estritamente confidenciais e nos comprometemos a manter sua identidade em sigilo. Nenhum participante terá qualquer

tipo de despesa para participar dessa pesquisa, e também não receberá nenhuma forma de pagamento. Se você se

sentir suficientemente esclarecido sobre essa pesquisa, seus objetivos, eventuais riscos e benefícios, convido-o(a) a

assinar este Termo, elaborado em duas vias, sendo que uma ficará com você e a outra com a pesquisadora.

Rio Claro, ___/___/___

_______________________________ ____________________________

Assinatura do Pesquisador Responsável Assinatura do participante da pesquisa e/

ou representante legal (se for o caso)

Título do Projeto: Efeito de um tratamento com auriculoterapia na dor, funcionalidade e mobilidade de adultos com dor

lombar crônica. Pesquisador Responsável: Flora Tolentino

Cargo/função: Estudante de Pós-Graduação Instituição: Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista (UNESP) de Rio Claro Endereço: Av. 24A, 1515, Bela Vista. Cep: 13506-900 Rio Claro, SP

Dados para Contato: Fone (14) 98148-6010 E-mail: [email protected] Orientador: Marcelo Tavella Navega

Instituição: Faculdade de Filosofia e Ciências da UNESP de Marília Endereço: Av. Higino Muzzi Filho, 737, Mirante. Cep: 17525-000 Marília, SP Dados para Contato: Fone (14) 3402-1310 E-mail: [email protected]

CEP-IB/UNESP-CRC Av. 24A, nº 1515 – Bela Vista – 13506-900 – Rio Claro/SP Telefone: (19) 3526-9678

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ANEXO A

QUESTIONÁRIO DE INCAPACIDADE LOMBAR DE QUEBEC

Este questionário visa identificar como a sua dor está afetando sua vida diária, pois pessoas com problemas nas costas podem encontrar dificuldades para realizar algumas atividades diárias. Gostaríamos de saber se você encontra dificuldades para realizar algumas das atividades listadas abaixo, por causa de suas costas. Para cada atividade existe uma escala que varia de 0 até 6. Por favor, escolha uma opção de resposta para cada atividade (não pule qualquer atividade) e marque com um X na coluna correspondente. Hoje, você encontra dificuldade para realizar as atividades a seguir por causa de suas costas?

Nenhuma

dificuldade

Mínima

dificuldade

Alguma

dificuldade

Bastante

dificuldade

Muita

dificuldade

Sou

incapaz de fazer

1. Sair da cama

2. Dormir durante a noite

3. Virar-se na cama

4. Andar de automóvel

5. Ficar em pé por 20-30 minutos

6. Sentar em uma cadeira por várias horas

7. Subir um lance de escadas

8. Caminhar poucas quadras (300-400 metros)

9. Caminhar vários quilômetros

10. Alcançar prateleiras altas

11. Atirar uma bola

12. Correr uma quadra (cerca de 100 metros)

13. Tirar comida da geladeira

14. Arrumar sua cama

15. Colocar suas meias

16. Dobrar-se para limpar o vaso sanitário

17. Movimentar uma cadeira

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18. Abrir ou fechar portas pesadas

19. Carregar duas sacolas de comprar

20. Levantar e carregar uma mala pesada


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